Chega um momento na vida, desses bem engraçados e tristes ao
mesmo tempo, que você não sabe onde deveria estar. Aqui? Acolá? Você sente no
peito um anseio por se encontrar, por encontrar algum lugar que seja mais do
que sua casa, seu lar. Que lhe dê segurança emocional, que lhe dê amigos
verdadeiros, que lhe traga alegrias e boas recordações (quando,
nostalgicamente, você decidir relembrar o passado). Mas também tem aquele sentimento
de querer vagar por aí, descobrindo cores, sabores, rostos, cheiros,
carícias...
É nessa época meio perdida que a gente quer ir além, mas tem
medo de querer ir além demais. Ou duvida do quão além a gente consegue ir. A
gente não sabe se vai, se fica, se enrola mais, se arrisca, se deixa pra mais tarde,
ou se decide que já perdeu muito tempo. Mas a gente sabe que precisa sair do
lugar... pra qualquer lugar.
E nessas horas todos os conselhos (daqueles dados de
coração, de gente que só quer o nosso bem) são válidos. Mas no final, quem fala
mais alto é aquela vozinha que vem do coração. Seja pedindo pra esperar, seja
mandando por o pé na estrada. É ela que vai te mostrar o que se tem a perder e
a ganhar com cada decisão e todos os fatores que implicam em cada uma delas.
Espero, de todo coração, que seja normal isso de não se
sentir pertencente a um lugar. De saber, bem lá no fundo, que você está ali de
passagem e que a sua longa viagem vai te levar pra um outro lugar. Onde você
esteja entre os seus, e que o coração pare de palpitar lentamente, triste, como
se vagasse ao léu, desanimado. Que você olhe ao redor, dê um suspiro gostoso e
escute todo o seu corpo e alma dizer: é aqui! Mesmo que esse “aqui” mude de
lugar constantemente!