domingo, 10 de fevereiro de 2013

A mudança de estado civil e a mudança de prioridades


Porque às vezes é preciso desabafar... Melhor pra fora, do que pra dentro, já dizia Shrek!

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Assistindo pela milésima vez a episódios esporádicos de Sex and the City, me deparei com mais um que me fez pensar. No episódio em questão, uma amiga de Carrie – agora casada e com filhos – acha absurdo e extravagante o fato de Carrie comprar sapatos caríssimos, sendo que existem prioridades maiores nessa vida (como pagar a escola dos filhos). Mas essa mesma amiga, quando solteira, não achava um par de Manolo Blahnik um supérfluo.

Guardadas as devidas proporções, qualquer mulher solteira de vinte e poucos anos e que tenha amigas que já estão se casando pode constatar que a situação é real. Seja aqui, ou na Big Apple. Parece surreal como ser solteira, ter prioridades de solteira e levar a vida de solteira ainda choca quem já está a um pulo do altar, ou quem já está no “felizes para sempre”.

Tenho conhecidas – porque me recuso a chamar de amiga alguém que me faça esse tipo de julgamento – que não entendem porque reservo grande parte do meu salário para poder viajar; passar minhas férias andando, sem me preocupar com dinheiro, ou trabalho. Apenas me divertindo! Ou que eu decida, de última hora, ir ao show do Paul McCartney e gastar com isso uma pequena fortuna – para os meus padrões, vale ressaltar. Para elas isso soa tão imaturo, afinal, já estou na fase de pensar no futuro e no casamento.

Elas, que estão de casamento marcado, têm casa para comprar, festa para organizar – e pagar! - e uma família para construir. E, ao que me parece, isso se torna a prioridade mais urgente do mundo. Mas oras, se eu não vou me casar (pelo menos não tão cedo), porque as minhas prioridades também têm que mudar? Porque raios eu ia querer um terreno para construir agora, se posso viajar para qualquer lugar e construir o que mais gosto: um “eu” diferente?

Injusto! Trabalho tanto quanto as que suam para comprar uma casa bonita com quarto para o futuro casal de filhos e um quintal grande para os cachorros. Se prefiro comprar vários sapatos baratos (sou dessas que preferem quantidade!), ou uma passagem para além mar, ou ainda um ingresso para o show mais lindo da História (Paul, te amo!), é uma questão de prioridade minha. E ninguém pode julgá-la menos ou mais merecedora dos meus esforços.

Afinal, é tudo uma questão de escolhas. Se escolho ficar com minhas viagens e meus sapatos, é porque uma casa própria não me faz tanta falta assim. O mesmo digo das conhecidas que procuram loucamente a casa dos sonhos para começar uma vida a dois. Desde quando A exclui a importância de B, ainda mais quando eles estão em contextos tão diferentes?

Mas o que incomoda mesmo é aquela cara de piedade que elas fazem quando você diz que prefere as suas escolhas, a comprar uma casa. Você até consegue ouvir a vozinha da cabeça delas dizendo: “tadinha, fica desperdiçando a vida com essas coisas...”. Eu, por minha vez, treino bastante em frente ao espelho para não denunciar meus reais pensamentos quando escuto, pela milésima vez, que a fulana está olhando "umas casinhas bonitinhas, todas em bairros distantes, mas bem bonitinhas"!

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