Meu vô,
Ah, quanto tempo! Cinco anos voam... Mas aqui dentro parecem se arrastar! Por aqui as coisas vão indo... Às vezes bem, outras nem tanto. Muita coisa mudou. A Carla Perez, que você bem que gostava de ver rebolar, nem dança mais no É o Tchan. E ‘pelinha’, então?! Nem se acha mais pra comer! Se bem que tô morando em Vitória, né? Lá tudo é diferente...
Ah, quanto tempo! Cinco anos voam... Mas aqui dentro parecem se arrastar! Por aqui as coisas vão indo... Às vezes bem, outras nem tanto. Muita coisa mudou. A Carla Perez, que você bem que gostava de ver rebolar, nem dança mais no É o Tchan. E ‘pelinha’, então?! Nem se acha mais pra comer! Se bem que tô morando em Vitória, né? Lá tudo é diferente...
Tô estudando jornalismo, vô! Não tem jeito, tá no sangue! É, mais uma geração e o Direito não vingou mesmo. E acho que nem os meus irmãos se embrenharão também...
Ah! Pipoca doce ainda existe, mas não tão crocrantes como as de antes. A casa também mudou, vô. E o violão do pai não é mais o mesmo. Não tem mais motinha pra você puxar a gente e a rodoviária (onde você vendia seu relógio pra ir embora quando emburrava) agora está muito mais longe!
Sabe, vô, eu não sei o que dói mais: a perda ou a sensação de “eu podia ter aproveitado mais, aprendido, abraçado, e dito mais ‘eu te amo’”. A vida a gente não explica. Simplesmente se vive, ri, e supera. Ou talvez não...
Mas hoje, do nada, eu pensei: E OS MEUS FILHOS???
Fala, vô, fala quem vai ensiná-los que deixar uma pessoa sozinha à mesa não é educado? Quem vai ensinar a tapear a empregada na hora do almoço e comer pelinha e esconder o saquinho embaixo do colchão? Quem ensinará a interpretar a Bíblia para Crianças, e a ser uma pessoa dos livros?
Ah, vô, eu terei que ensiná-los tudo que aprendi com você. Mas não o farei sozinha. Vou colocá-los no carro, botar Raul no último volume (porque, sim! Eles escutarão Raul!), e seguir para Itanhomi.
Lá eles aprenderão sobre um homem que fez de um pedreiro, um advogado (não que a primeira profissão seja menos importante. A grandeza está no incentivo a aprendizagem!), que soube recomeçar quando viu o Ginásio Artur Bernardes lhe escorrer pelas mãos, que ensinou, ajudou e tráz lágrimas e saudades a muita gente.
Sabe, vô, eu não sei o que dói mais: a perda ou a sensação de “eu podia ter aproveitado mais, aprendido, abraçado, e dito mais ‘eu te amo’”. A vida a gente não explica. Simplesmente se vive, ri, e supera. Ou talvez não...
Mas hoje, do nada, eu pensei: E OS MEUS FILHOS???
Fala, vô, fala quem vai ensiná-los que deixar uma pessoa sozinha à mesa não é educado? Quem vai ensinar a tapear a empregada na hora do almoço e comer pelinha e esconder o saquinho embaixo do colchão? Quem ensinará a interpretar a Bíblia para Crianças, e a ser uma pessoa dos livros?
Ah, vô, eu terei que ensiná-los tudo que aprendi com você. Mas não o farei sozinha. Vou colocá-los no carro, botar Raul no último volume (porque, sim! Eles escutarão Raul!), e seguir para Itanhomi.
Lá eles aprenderão sobre um homem que fez de um pedreiro, um advogado (não que a primeira profissão seja menos importante. A grandeza está no incentivo a aprendizagem!), que soube recomeçar quando viu o Ginásio Artur Bernardes lhe escorrer pelas mãos, que ensinou, ajudou e tráz lágrimas e saudades a muita gente.
Aprenderão sobre você!
E estou certa de que farão a mesma promessa que eu fiz:
Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você....
E lá se vão 5 anos,
Mas se fecho os olhos
O tempo se faz parecer ontem.
Ecoa pela casa um andar arrastado,
Passeia pelos lados um rosto marcado
De toda labuta, de um longo passado.
É moda de viola esse som;
A leitura da Palavra pros pequenos;
E uns mimos pros entes queridos.
É a pura tradução do bem querer
Estar assim com você.
Sentimentos que só hoje entendo o porquê.
Mas a idade é inevitável.
O tempo vem para todos,
E o fim já mora ao lado.
Histórias de um tempo distante
Misturam-se com as do atual instante.
E a sábia memória fica com o que é mais importante.
Mas tem coisas que o tempo não tira:
Não deixe que ninguém só à mesa,
Leia o quanto puder e o teu reflexo no espelho é realmente teu retrato.
Já sua imagem, aos poucos se desfaz.
Parece que lá no fundo das lembranças jaz.
És eterno. O que a fotografia não refaz?
Hoje lhe dedico essas palavras,
Que num pranto as juntei.
Trocando por miúdos: Saudades.
Foi o presente que Deus me deu e eu sei:
Não fiz de tudo, e nem de todo aproveitei.
Mas saibas que és o avô que tanto amei.
'Se gostar, descasque essa idéia!
Um comentário:
Oxi, coisa linda demais. Tudo que tu pensa, me fez pensar a saudade apertada e doída do meu avô, de tanta coisa que me ensinou.. e qdo paro pra pensar, não lembro a primeiro instante de tudo, mas qdo coloco o coração pra bater, ai sim, lembro de cheiros, sensações, sabores, sons!
Me fez sentir saudade de tudo, de casa, do meu filho, e meu filho sim tem que aprender o que eu aprendi com o meu avô, assim como o seus aprenderam contigo.
Bonito por demais isso!
bejO Nêga! ;)
PS: E BOA VIAAAAAGEM!!! ESTAREI NA TORCIDA!! SUA COISA! =)
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