O Banheiro do Papa

Voltei! E dessa vez com o cinema na cabeça! Primeiro: 'gradicida' pelos pitacos de gente nova que apareceram por aqui ;) Segundo: o Mosteiro Budista de Ibiraçu - E.S. é MARA! rs Sem palavras pra definir aquele recanto de paz e tranqulidade. Lá? A gente volta a ser criança. Estende toalha quadriculada (vermelha e branca! De outra cor não vale, ham! rs), deita olhando pro céu, vê o tempo passar, toma água diretamente da cuia - na qual TODO MUNDO põe a boca - confude sei lá quem com Buda e se joga na rede! Se valhe a pena? Ah! Vale sim! Um programinha retado!

Mas e o cinema? rs Eu falo mais. Sir Vitor Taveira me arrastou pro cinema de bom grado nesse domingo, depois de um perfeito dia "mosteirando" com os amigo. O prato de hoje? Um filminho Uruguaio de leve, só pra relaxar. Não sei como agradecer tão gostoso presente.

O Banheiro do Papa, dirigido por César Charlone e Enrique Fernandez, é um filme que se perde na barreira da ficção e do real. Em 1988, Melo, uma cidadezinha Uruguaia - divisa com o Brasil, se prepara para receber o Papa João Paulo II. Na verdade, se prepara mais para receber os supostos romeiros brasileiros, que ele esperam chegar à cidade atrá de Sua Santidade. A expectativa era de 60 mil brasileiros. Pessoas hipotecam casas, gastam suas economias e dispõe de tudo o que têm para fazer "fortuna" com a chegada do Papa. Inúmeras barracas de pastéis, bolos, pãezinhos, pão com lingüiça (aiii delícia!) e sucos para a brasileirada que segue o João Paulo II.

Como família central, temos a família de Beto. Ele é pai de família, cargueiro e trabalhador, que sonha com uma moto para fazer suas viagens de trabalho. Sua esposa, Carmen, é uma lavadeira que está sempre ao lado do esposo, mantém seu pé no chão e reserva uma pequena quantia pra os estudos da filha. Silvia é a filha sonhadora, que almeja ser locutora e sonhar em ir pra capital. Tentando entrar na jogada e melhorar de vida, Beto resolve que nad melhor e mais útil para se montar do que um banheiro público, final, depois de tanto beber e comer, quem não precisa do banheiro URGENTE?!

O problema é que com o Papa não chegam mais de 500 brasileiros. Das 8 mil pessoas que assistiram ao discurso, a maioria era local, uns 400 jornalistas e outros tantos políticos. O povo ficou desolado, perdido e mais pobre ainda. Mas é preciso recomeçar sempre. E se o Papa morreu "sem saber o mal que fez", como comenta um personagem, ao menos, graças a Fernandez e Charlone, nós saberemos.

Belo filme! Uma história rica em detalhes, emoção e senso de humor. Uma crítica ao sensacionalismo da mídia, uma visão latina de todo esse capitalismo que nos cerca e soterra. E o elenco então? De primeira! A emoção que eles transmitem, a sensibilidade... Uma atuação exemplar! César Trancoso arqueia uma sobrancelha e já transmite tudo o que tem a dizer. É o cinema uruguaio despontando. De acordo com o diretor, ele é contra ilusões, mas totalmente a favor de sonhar.

Prêmio é o que não falta! Ganhou 5 Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, nas categorias de Melhor Filme - Júri Popular, Melhor Ator (César Troncoso), Melhor Atriz (Virginia Mendez), Melhor Roteiro e o Prêmio da Crítica; Prêmio Bandeira Paulista de Melhor Filme, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e Prêmio de Melhor Roteiro, no Festival de Cinema Latino-Americano de Huelva. E bem merecidos, sim senhor!

'Se gostar, descasque ssa idéia!