domingo, 9 de março de 2008

Por você eu faria isso mil vezes!!

Poucas coisas me fazem chorar mais do que livros. Muito poucas mesmo. E sempre são choros de soluço, rosto inchado, olhos ficando pequenininhos e cabeça doendo absurdamente! O nariz escorre (IEEEEEEEEEECA!!), as cenas se formam na minha cabeça e eu fico feliz, ou triste, depende da razão do meu pranto.

A bola da vez foi O Caçador de Pipas. Sim, eu sei que já foi lançado há meses, que todos já leram e comentaram o tal livro. Mas livro modinha eu gosto de ler quando ninguém mais se lembra e principalmente quando eu já me esqueci dos comentários sobre ele. Confesso que o peguei pra ler sem ao menos saber do que se tratava. Parecia-me ser algo infantil, mas me garantiram que não. Acreditei. Foi um turbilhão de sensações. Nem Buda daria conta!!


Comecei gostando. Boa hitória, gostei da escolha da locação e como o texto foi levado também. Mas chegou um ponto em que se o livro fosse meu, eu já teria jogado-o pela janela, segundo andar abaixo.

É inimaginável para mim uma criança de 10, 12 anos colocando outra criança de mesma idade de quatro e cravando-lhe os fundilhos. Barbaridade! Uma absurdagem sem fim! Ora, crianças de 10, 12 anos são crianças de 10, 12 anos! Ou pelo menos deveriam ser. Não gostei nada dessa imagem infantil. Prefiro as crianças inocentes, que brincam e sonham por aí. Essas crianças me deram náuseas. Ânsia de vômito e muita dor. Imaginei minha irmã de exatos 12 anos lendo uma coisa assim e fiquei cabrera. Deus é mais! Como crianças podem fazer coisas que não são dignas nem de adultos fazerem? Que mente mais doentia as imaginariam fazendo isso? Lágrimas rolaram. Nem tanto pela dor que o pobre Hassam sentiu, mas pela humilhação que passou. E também de ódio; do menino absurdamente doente que fez aquilo, como do autor - Khaled Hosseini - que escreveu tal brutalidade. Filho de chocadeira, como se diz na Bahia.

Mas meu espanto não parou por aí. Tão "figura" quanto o garotinho comedor de fundilhos alheios, era o muleque que viu tudo e não fez nada. O outro sofrendo por ele, por devoção e lealdade a ele; e ele não fez nada. Porque? Simples: Por que tinha interesses. Não se importava com o que acontecesse desde que seus interesses fossem preservados e seus objetivos alcançados. A dor do semelhante - que lhe devotava a vida - não era nada comparado a sua satisfação. Virgem Mãe, que absurdagem é essa? Que coisa mais "adulta" de ser? Crianças não são assim! Não deveriam ser. Esse egoísmo, esse pensamento mesquinho e vazio de amor é típico de adultos (não deveria ser, aposto eu). Quero de volta as crianças que ajudam uns aos outros, que sabem que somar amigos e amor faz bem, que mentem no máximo sobre o dever de casa e que acham que vão brincar pra sempre! rs Quis matar mil vezes esse desgraçadinho infeliz. Ou que ele vivesse infeliz para sempre. Nada de "uma chance de ser bom de novo". Ele merecia queimar no mármore do inferno (pra usar uma linguiagem bem árabe mesmo! rs), mas aposto que nem o diabo iria querê-lo.

Alguém de quem gostei foi o baba, o pai do menino zé bundão. Ele era severo, diferente, nada caloroso, mas era um bom pai. O pequeno sentia necessidade de mais atenção, queria mais afeto. E não encontrava. A relação dos dois em fez refletir. Acho que já vi algo assim em algum lugar... Tão prócimo que podia até tatear. Fiquei feliz em saber que com o tempo eles se entenderam. Há uma luz no fim do túnel!! =) Era bonito ver como o baba pensava, seus valores e como ajudava os outros - mesmo descobrindo depois que era por pura culpa... Achei mais interessante e proveitosa para a vida, do que a relação Amir (zé bundão) x Hassam (o leal). Essa era uma relação cega, de viseira de burro, que não ajuda e acrescenta em nada a ningém. Ser bom é bom. Ser submisso e se anular é mau. Bem mau.

A frase de efeito do livro é: Por você eu faria mil vezes. Pois é, eu não sei se faria mesmo mil vezes alguma coisa por alguém, ou se gostaria que alguém o fizesse por mim. É estranho pensar assim: alguém com um amor incondicional. Mesmo que eu faça a maior merda, ele ainda estará lá. tsc... tsc... tsc... Preferiria escutar "por você eu faria o que fosse preciso, ou quanto fosse preciso". Mas não levem em consideração, eu gosto de ser do contra.

Mas não há quem me tire da cabeça que a parte mais linda do livro é quando Amir e o baba estão fazendo a travessia para o Paquistão e baba enfrenta um soldado russo, numa causa que nem era dele. O mané, como sempre, quis correr do pau, se esconder e deixar pocar pra lá. Mas o baba tinha princípios, valores e isso regrava sua vida, e valia mais do que tudo.

-Baba, por favor, sente-se. Acho que esse sujeito pretende mesmo atirar em você.
-Não lhe ensinei nada?

Pronto. Não é preciso dizer mais nada. São nos atos dos filhos que os pais percebem o que lhes ensinaram, o que foi captado e o que se perdeu pelo caminho. "Não lhe ensinei nada?" vai ficar martelando na minha cabeça por um longo tempo. E rezo à Deus que não saia nunca. Que eu sempe me lembre do que meu pai me ensinou. Seja com seus atos e palavras, ou com a falta deles.

No final todo mundo tinha culpa no cartório. Oo O Baba traiu aquele a quem tinha como irmão, assim como o filho fez. Com a diferença que aquele buscou a "redenção". Ajudou a torto e a direito, fez o bem sem olhar a quem e penou na vida. Esse no máximo esbarra na catraca do céu. Mas bundão que é bundão, assim morre. Só que uma alma caridosa resolveu resgatar Amir, e deu a ele a chance de ser bom de novo. De fazer o bem, de cuidar e zelar por alguém que ele indiretamente afetou a vida. E pronto, lá vai mais um pro paraíso. Com direito a 72 virgens! rs =)

Conclusão final: Eu gostei! Uma boa leitura. Indignou-me, deixou-me com a cara inchada de tanto chorar, uma dor de cabeça de lascar, o caração apertado e aos saltos e um nó preso na garganta. Boa a sacada do escritor, não fosse aquelas crianças medonhas que ele descreveu. Medo do que esse sujeito entende por criança. Mas leiam. Ler nunca é demais! Mas o Ministério do Bom Senso adverte: Mantenha fora do alcance das crianças!!!


(Só porque eu não consegui ficar sem postar sobre ele, não! Prometo não fazer mais! rs)





'Se gostar, descasque essa idéia!

Um comentário:

Darshany L. disse...

Caramba, Mari, tem uns 2 anos que eu li esse livro, e tive essas mesmas sensações!
Mas ele é ótimo né?

Nem assisti o filme ainda.

;**