domingo, 8 de agosto de 2010

Os Melhores Amigos de Uma Vida Inteira

Restinho de férias é sempre desesperador, né? Você quer fazer tudo o que queria ter feito durante o mês todo, mas preferiu ficar dormindo ou na internet. Agradecendo a Deus pela Semana Calórica, que dá aos futuros comunicólogos da Ufes mais uma semaninha, eu decidi que iria devorar alguns livros da minha irmã, já que levá-los comigo é inegociável! 

Um dos eleitos foi O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne, que entra naquela categoria que eu já disse aqui: livro modinha eu gosto de ler quando ninguém mais se lembra e principalmente quando eu já me esqueci dos comentários sobre ele. E além de entrarem na mesma "categoria", ambos têm crianças como personagens centrais e me fizeram debulhar em lágrimas. Coração mole, sim senhor! rs 

De leitura fácil e poucas páginas, O Menino do Pijama Listrado me conquistou. Quem conhece as minhas preferências literárias sabe da minha quedinha e o quanto sou sensível à Segunda Guerra Mundial. Não posso ler sobre as campos de concentração e todo o horror da época que já me derreto. Acrescente a isso dois garotinhos fofos, sensíveis, sofrendo e com desejo imenso de descobrir a vida. Demais pra esse coração!

O livro é narrado a partir da visão de Bruno, filho de um pai importante, que ele não sabe em que trabalha; de uma mão a quem não se pode interromper enquanto fala; irmão da Gretel, que é mesmo um Caso Perdido, melhor amigo de uma vida inteira de Kark, Martin e David e proprietário de coisas que pertenciam a ele e não eram da conta de mais ninguém. De mudança com a família para um lugar sombrio que ele julga chamar Haja-Vista (na verdade Auchwitz), Bruno não se conforma em deixar para trás sua casa de cinco andares em Berlim, com muitos lugares para ser explorada, seus avós, e os amigos. Se conforma menos ainda em morar em um lugar sem crianças com quem brincar, cheios de soldados que entram e saem de sua casa como se fosse deles, e em que lhe proíbam de fazer o que mais gosta: explorar! E é exatamente num desses momentos de "exploração" que ele conhece Shmuel, que ao longo do tempo em Haja-Vista se torna seu mais novo melhor amigo de uma vida toda. Ele só não entendia porque uma cerca os separava e quem estava desse lado podia passar pra lá - ainda que ele não estivesse incluído nesse "quem", mas nunca, jamais, o contrário...

Bruno e Shmuel são adoráveis por serem tão reais. Aquele é cheio de vida, grita quando se acha injustiçado, aponta os erros do pai (ou o que ele acredita ser), entende que é trabalho das irmãs mais velhas perturbarem a paz dos menores, gosta de explorar o mundo e não tem receio de rever seus conceitos. Este já está calejado da vida, cheio de medos e inseguranças, conhece a maldade dos homens e as injustiças. Mas quando estão juntos não há pra onde correr: são apenas crianças. Ainda bem! 

Há quem reclame da superficialidade da história, que não foca nos horrores e atrocidades da guerra. Mas esse, pra mim, é outro ponto forte livro. Quem quer mais detalhes, mais veracidade ou mais "foco" na guerra, recomendo O Diário de Anne Frank. Não há como se decepcionar. Mas em O Menino do Pijama Listrado você terá apenas a visão de um garotinho que tem a vida toda mudada pela guerra e nem sabe bem o porquê. São os olhos de uma criança, enxergando a dor e a tristeza de outra.

Já fizeram uma adaptação para o cinema. Eu ainda não vi. Acho que preciso me preparar psicologicamente para mais uma torrente de lágrimas... 

Um comentário:

D. Martins disse...

Mari, realmente vc escolheu um livro muito bom pra comentar! Tiro o chapeu, quando peguei pra ler, nem dei a minima, tipo: ah tá, vamo ver o que rola nesse livro. E de verdade, eu me surpreendi, ele é fantastico, e não tem como não ter o famoso nó na gargantar.

O final, me fez ficar com cara de ham, de não acreditar..rs Mas a mensagem, foi fantastica, enfim... a adaptação para o cinema é tão bacana, quanto a adaptação do caçador de pipas... vale a pena!

beijos e feliz dia dos pais pro seu pai! =)